Imigração alemã no Brasil (I)

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Além de procurarmos saber qual a nossa origem familiar, devemos também estudar quais foram os motivos que levaram tantas pessoas a emigrarem da Europa, especialmente nos séculos XIX e XX. Igualmente são apresentadas no texto, quais as razões para que os emigrantes se direcionassem para o Brasil.

Boa leitura.

imigração alemã no Brasil foi o movimento migratório ocorrido nos séculos XIX e XX de alemães para várias regiões do Brasil. As causas desse processo podem ser encontradas nos frequentes problemas sociais que ocorriam na Europa e a fartura de terras no Brasil. Em 1986, Born e Dickgiesser estimaram em 3 milhões e 600 mil o número de descendentes de alemães no Brasil.[7] Segundo outra pesquisa, de 1999, do sociólogo, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Simon Schwartzman, 3,6% dos brasileiros entrevistados afirmaram ter ancestralidade alemã, percentual que, numa população de cerca de 200 milhões de brasileiros, representaria 7,2 milhões de descendentes.[8] Em 2004, o Deutsche Welle citou o número de 5 milhões de brasileiros descendentes de alemães.[9] Segundo pesquisa de 2016 publicada pelo IPEA, em um universo de 46.801.772 nomes de brasileiros analisados, 1.525.890 ou 3,3% deles tinham o único ou o último sobrenome de origem germânica.[10]

A imigração de alemães para o Brasil é um fenômeno antigo, que teve início antes mesmo da independência em relação a Portugal e que se manteve relativamente constante até a década de 1960. As razões dessa emigração encontram-se, de um lado, nas transformações sócio-político-econômicas por que passou a Alemanha e, do outro, nas excepcionais condições que favoreciam a atração de imigrantes europeus no Brasil. Entre 1824 e 1972, cerca de 260.000 alemães entraram no Brasil;[11] a quinta nacionalidade que mais imigrou para o país, após os portugueses, italianos, espanhóis e japoneses.[11]

Os alemães estavam entre as nacionalidades que mais conseguiram preservar sua cultura no Brasil. Devido ao seu isolamento em regiões de difícil acesso, sobretudo nos estados sulistas, foi possível a criação de diversas colônias predominantemente germânicas. Um dos exemplos mais significativos da manutenção cultural foi a proliferação de escolas alemãs no Brasil, bem como de uma imprensa em língua alemã. Como consequência, milhares de descendentes foram instruídos em língua alemã, sem o conhecimento do idioma português. Com o tempo, os traços de germanidade foram-se tornando mais débeis, mas as influências persistem mais ou menos até os dias atuais.[12] Como exemplo, pode-se citar o grande número de brasileiros de origem alemã que ainda hoje falam o alemão ou outros falares germânicos como o Hunsrückisch e a língua pomerana.[13][14]

O resultado da imigração alemã no Brasil foi a formação de uma população teuto-brasileira, que se integrou ao contexto brasileiro, mas sem abdicar de sua cultura. Além da influência cultural, pode-se acrescentar a contribuição alemã para a diversificação da agricultura brasileira, por meio da formação de um campesinato típico, fortemente marcado pelos traços da cultura camponesa da Europa Central. Os alemães também tiveram participação no processo de urbanização e de industrialização do Brasil, bem como na introdução e modificações na arquitetura das cidades e na paisagem físico-social brasileira.[12]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

John Maurice of Nass, governador da Nova Holanda, nasceu em Dillenburg, atual Alemanha

Embora a imigração expressiva de alemães só tenha se iniciado no Século XIX, a presença alemã no Brasil pode ser traçada desde à época dos Descobrimentos. A esquadra de Pedro Alvares Cabral era composta por alemães: o astronômo Meister Johann e o cozinheiro eram nascidos no que hoje é a Alemanha moderna.

A presença alemã também é datada ao período das Invasões holandesas no Brasil. Não obstante controlado por uma empresa holandesa – Companhia das Índias Ocidentais, a maioria dos soldados e trabalhadores foram recrutados de outros países europeus. João Maurício de Nassau, ele mesmo alemão de nascimento, escreveu em cartas requisitando que fossem contratados alemães para a colonização da nova região. [15]

Relatos do período de colonização holandesa descrevem um alto grau de miscigenação entre Índios, Portugueses, Negros, Judeus, Holandeses, Alemães e Franceses. [16]  A maioria dos soldados, marinheiros e demais homens livres que viviam na Nova Holanda eram de origem holandesa, alemã, norueguesa, escocesa e judaica.[17] A ausência de mulheres na Colônia explicou o alto grau de miscigenação.[18]

A família Lins[editar | editar código-fonte]

Duas das primeiras famílias alemãs que chegaram ao Brasil foram através dos primos Sebald Linz von Dorndorf e Christoph Linz (or Sebald Lins von Dorndorf and Christoph Lins) que adquiriram terras em 1570. Após chegaram ao Brasil, casaram-se com a nobreza luso-brasileira e mudaram seus nomes para Cibaldo Lins e Cristovão Lins, fundando a descedência da família no país. O sobrenome é originário de Linz na Aústria, mas o ramo brasileiro derivada de Ulm na Alemanha. [19][20][21][22]

Século XIX[editar | editar código-fonte]

século XIX foi marcado por uma intensa emigração de europeus para diferentes partes do mundo, o que levou a um processo de europeização dessas áreas. Entre 1816 e 1850, 5 milhões de pessoas deixaram a Europa; entre 1850 e 1880 mais 22 milhões de pessoas emigraram. Entre 1846 e 1932, 60 milhões de europeus emigraram. Entre 1878 e 1892, mais 7 milhões de alemães deixaram a Alemanha; após a década de 1870, a Alemanha foi um dos países que mais perderam pessoas para a emigração, a grande maioria delas indo para os Estados Unidos. De 1820 a 1840, os alemães representaram 21,4% de todos os imigrantes europeus que entram nos EUA; 32,2% nas duas décadas seguintes; e no final do século XIX eram o maior grupo de imigração (21,9%) nos EUA.[23] Em 2009, cerca de 50 milhões de norte-americanos descendiam de alemães.[24][25]

A imigração alemã para o Brasil foi pequena em comparação com o número que foi para os Estados Unidos e também em comparação com a imigração de outras nacionalidades, como portugueses, italianos e espanhóis. Estes representaram mais de 80% dos imigrantes no Brasil durante o período de maior imigração de europeus. Os alemães apareceram em quarto lugar entre os imigrantes, mas caíram para o quinto, quando a imigração japonesa aumentou após 1908.[23]

Mesmo tratando-se duma emigração pequena, ela teve um impacto notável na composição étnica do país, em especial da população do Sul do Brasil. Diferentes fatores levaram a esta grande influência. Em primeiro lugar, a imigração alemã para o Brasil é um velho fenômeno que começou em 1824, muitas décadas antes do início da imigração de outros grupos étnicos da Europa para o Brasil. Por exemplo, o primeiro grupo significativo de italianos a imigrar para o Brasil só chegou em 1875, muitas décadas após a chegada dos primeiros alemães. Quando a migração de outros europeus ao Brasil começou, os alemães já lá estavam há muitas gerações. Outro fator foi a alta taxa de fecundidade entre as mulheres teuto-brasileiras. Entre 1826 e 1828, a primeira geração teuto-brasileira tinha uma média de 8,5 filhos e a segunda geração tinha uma média de 10,4 filhos por mulher. As taxas de fecundidade entre as mulheres teuto-brasileiras eram maiores do que as de outras mulheres brasileiras, resultando num crescimento proporcionalmente mais rápido da população de origem alemã do que da população de origem não alemã.[23]

Causas da imigração no século XIX[editar | editar código-fonte]

Até 1871 não existia o Estado alemão. Antes da unificação, a região era composta por diversos principadoscondados, reinados e ducados. As potências europeias enxergavam uma Alemanha unificada como uma ameaça, e mantê-la fragmentada fazia parte da geopolítica europeia. As guerras napoleônicas deixaram lastros de destruição no interior do país. Após a queda de Napoleão Bonaparte, muitos alemães que o haviam servido passaram a ser perseguidos e isso motivou a ida de alguns para o Brasil. Somado a isso, o processo de industrialização avançava sobre algumas regiões alemãs, o que desestruturou o mercado de trabalho no qual havia ainda resquícios de feudalismo, aumentando a pobreza entre os camponeses. Em decorrência, muitas pessoas viam na emigração uma saída para as suas mazelas.[23][26][27]

Do lado brasileiro, a escolha em atrair elementos germânicos para o país foi resultado da presença de indivíduos influentes de origem alemã no governo imperial brasileiro, tendo papel decisivo na política imigratória traçada. A própria imperatriz do Brasil, dona Leopoldina, era austríaca.[26] Atrair imigrantes europeus visava ao “branqueamento” da população brasileira, a ocupação de regiões estratégicas do território, o surgimento de uma classe média vinculada à produção de alimentos e abastecimento do mercado interno e a substituição da mão de obra escrava.[28]

imigração, no início do século XIX, passava por novos desenvolvimentos econômicos: a industrialização teve um grande impulso, necessitando de mão de obra especializada, o que causou a ruína de muitos artesãos e trabalhadores da indústria doméstica. Sem poderem desenvolver suas atividades artesanais, esses trabalhadores livres começaram a formar um exército de mão-de-obra (barata) assalariada para a indústria que estava nascendo.

Com os novos maquinários, também houve o aumento de produtividade no campo junto à diminuição de mão de obra, causando o desemprego de camponeses. Como a Alemanha passava por uma desintegração de sua estrutura feudal, muitos camponeses que eram apenas servos ficaram sem o trabalho e sem o direito de morar nas terras, ao mesmo tempo em que a população aumentava. Sem a terra para viver, migravam para as cidades e somavam ao número de proletariados.

“Parece-me que os nossos bons compatriotas nesta natureza sul-americana livre, onde estão expostos a lutas peculiares contra obstáculos naturais, desenvolvem, ainda mais determinação em resolver e agir…Por entre dificuldades começaram eles, mas conquistaram o solo e os que na Alemanha eram criados tornaram-se senhores pelo direito do trabalho”

— Robert Avé-Lallemant – Viagem pela Província do Rio Grande do Sul, 1858.[29]

imigração também não acontecia somente por insatisfação social com as novas perspectivas do século XIX. Nessas mudanças econômicas que agitavam o continente europeu, a indústria desenvolveu as cidades e causou o despovoamento dos campos. À medida que a riqueza aumentava, a saúde e o acesso a novos gêneros alimentícios melhoravam, e a população aumentava. Então a princípio, os governos europeus incentivavam e encorajavam a emigração, como válvula de controle do aumento da população. Com a introdução da máquina a vapor e inovações como o transatlântico com propulsão a hélice, milhões de pessoas se movimentavam entre os continentes, em uma emigração que não obedecia a nenhum planejamento, dependendo somente de decisões pessoais, entre elas a insatisfação, o medo, ou o desejo de uma vida melhor.

O governo alemão também encorajava grupos de empreendedores a conhecer novas terras para conseguir mercado para os produtos alemães. Para algumas colônias, chegou-se a fazer o planejamento, e a contratação de administradores e profissionais liberais para a formação das colônias, que vinham para o Brasil e formavam sua vida aqui. Embora desejadas, as relações comerciais entre as colônias alemãs e sua terra de origem foram modestas, muitas vezes restando somente aos colonos a identificação cultural com a terra de origem, pois não mais tinham contato com ela.

Os alemães que imigraram para o Brasil eram normalmente camponeses insatisfeitos com a perda de suas terras, ex-artesãos, trabalhadores livres e empreendedores desejando exercer livremente suas atividades, perseguidos políticos, pessoas que perderam tudo e estavam em dificuldades, pessoas que eram “contratadas” através de incentivos para administrarem as colônias ou pessoas que eram contratadas pelo governo brasileiro para trabalhos de níveis intelectuais ou participações em combates.

Fases[editar | editar código-fonte]

A primeira fase da imigração (1818-1830)[editar | editar código-fonte]

A primeira colônia alemã no Brasil foi fundada ainda antes da independência de Portugal. No sul da Bahia, em 1818, o naturalista José Guilherme Freyreiss criou a colônia Leopoldina, onde foram distribuídas sesmarias para colonos alemães, porém o projeto não foi bem sucedido. Os colonos se dispersaram e a mão de obra imigrante nas sesmarias foi substituída pela escrava.[26] As outras duas tentativas de assentamentos alemães na Bahia, de 1821 e 1822, foram também mal sucedidas. Trazidos a mando do Rei Dom João VI, em 1819 o governo português assentou famílias suíças nas serras fluminenses. Estas fundaram o atual município de Nova Friburgo. A colônia também resultou infrutífera, vez que foi mal estruturada, situando-se longe do mercado consumidor, o que levou muitos dos suíços a abandonarem os assentamentos. De forma a evitar a sua extinção, em 1824 a colônia recebeu 350 alemães.[26]

imperatriz Leopoldina foi a incentivadora da imigração alemã no Brasil

Haja vista o malogro das colônias baianas e fluminense, elas são frequentemente ignoradas pela historiografia, que consagrou a colônia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, como o marco inicial da imigração alemã no Brasil.[26]Em julho de 1824, os primeiros 39 alemães chegaram ao Sul, sendo assentados à margem sul do Rio dos Sinos, onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora adaptada para servir como sede temporária dos recém-chegados, na atual cidade de São Leopoldo.[30] Esses imigrantes foram trazidos por Georg Anton von Schäffer, alemão radicado no Brasil e major do exército brasileiro. Schäffer, amigo da imperatriz Leopoldina, foi incumbido pelo governo brasileiro de ir à Áustria, terra natal da imperatriz, e trazer soldados para formarem o Batalhão de Estrangeiros, necessário para reforçar a defesa dos territórios do Sul; porém o major não conseguiu recrutar soldados na Áustria, uma vez que a recrutação de soldados estava proibida na Europa pós-napoleônica. Assim, ele rumou para BavieraHesseHanôver e Hamburgo, onde angariou apoio de grão-duques e de condes, desejosos de exportar marginais e criminosos para fora da Alemanha, seguindo uma prática de higiene social. Os governantes exigiram um acordo legal que os imigrantes não poderiam voltar à Alemanha para reivindicar proteção social. Para isso, Schäffer forjou documentos que garantiam a naturalização dos imigrantes.[31]

Um dos primeiros navios a trazer imigrantes para o Rio Grande do Sul foi o Germânia, que partiu de Hamburgo em junho de 1824. Schäffer conseguiu recrutar 277 soldados para serem incorporados ao Corpo de Estrangeiros e 124 colonos para serem enviados para a colônia de São Leopoldo, que recebeu esse nome em homenagem à imperatriz Leopoldina.[31] Como recebia dinheiro de acordo com a quantidade de pessoas que trouxesse, Schäffer se esforçou em atrair grande número de indivíduos, dentre os quais muitos de origem duvidosa. Os documentos atestam o recrutamento de centenas de presidiários alemães em cadeias e casas de correção de Mecklenburg para serem mandados para São Leopoldo. Contudo, milhares de alemães indigentes, ao saberem que o Brasil estava oferecendo terras, foram para Bremen e Hamburgo em busca de uma passagem, mas se recusaram a assinar contrato de serviço militar. Schäffer recebeu autorização do Rio de Janeiro para permitir a vinda deles mesmo assim.[32][33] O naturalista Theodor Bösche fez parte de uma dessas viagens organizadas por Schäffer, na qual havia 90 ex-prisioneiros de Macklenburgo. O naturalista observou: “O nosso navio tomou várias centenas de pessoas. Tremi ao avistar aquela gentalha rota, de que muitos malogram encobrir a nudez e cuja atitude trazia o cunho da rudeza e da bestialidade”.[31]

A primeira viagem do Germânia foi conturbada: no dia 2 de julho de 1824, em alto mar, oito recrutas rebelaram-se, queixando-se da comida, do tratamento severo a que eram submetidos e queriam seguir o caminho dos colonos. A revolta foi contida e os recrutas foram chicoteados e feitos prisioneiros. De madrugada, os prisioneiros tentaram escapar, mas foram impedidos e levados a um tribunal improvisado, que os condenou à morte por fuzilamento. Dois dos executados eram prussianos, o que desencadeou uma contenda diplomática entre os governos da Prússia e de Hamburgo.[31]

Os passageiros do Germânia foram recebidos pelo imperador Dom Pedro I e pela imperatriz Leopoldina. Um dos imigrantes revelara à imperatriz que imigrara da Alemanha devido à grande repressão religiosa, e a imperatriz lhe garantiu que no Brasil eles teriam garantida a liberdade de culto. Esse imigrante era Libório Mentz, que viria a ser o avô de Jacobina Mentz Maurer, líder messiânica que encabeçou a revolta dos muckers.[31]

Em 1829, as primeiras colônias alemãs foram criadas em Santa Catarina e no Paraná, sendo elas São Pedro de AlcântaraMafra e Rio Negro. A primeira fase da imigração se encerrou em 1830, em decorrência da falta de recursos financeiros e da dificuldade de trazer imigrantes, agravada pela eclosão da Guerra dos Farrapos. Nesse período, Schäffer trouxe para o Brasil mais de cinco mil alemães, entre soldados e imigrantes destinados à produção agrícola. No Sul, desenvolveram um sistema produtivo baseado na pequena propriedade com mão de obra familiar, em lotes que mediam cerca de 75 hectares cada. Os alemães iniciaram um processo de ocupação das terras de floresta desprezada pelos latifundiários gaúchos, resultando na ocupação de extensa área relativamente próxima a Porto Alegre. O mesmo se deu em Santa Catarina, onde a primeira colônia estava próxima da capital, Desterro (hoje Florianópolis).[26]

A segunda fase da imigração (1845-1914)[editar | editar código-fonte]

Após 1845, a imigração foi retomada, com a fundação de uma colônia alemã no Rio de Janeiro, em Petrópolis. No Sul, os assentamentos alemães de São Leopoldo avançavam sobre o vale do rio dos Sinos e em Santa Catarina surgiram três novas colônias nos vales dos rios Cubatão e Biguaçu. Nesse momento, cresceram os debates políticos acerca da conveniência de se trazer alemães para o Brasil, devido à entrada de muitos luteranos num país onde a religião católica era a oficial. Apesar das vozes contrárias, a partir de 1847 alemães foram engajados no sistema de parceria nas plantações de café de São Paulo, experiência esta que não deu resultados e, no mesmo ano, 38 famílias oriundas do Hunsrück e Hesse fundaram a colônia de Santa Isabel no Espírito Santo.[26]

Após 1850, mudanças fundamentais foram feitas para atrair maior número de imigrantes. As despesas com demarcação de lotes e assentamentos de colonos foram transferidas do governo imperial para as províncias. Visando diminuir suas despesas, o Estado permitiu a atuação de companhias particulares de colonização, que compravam as terras e as revendiam aos imigrantes. Em 1850, a Lei de Terras estabeleceu que os colonos apenas poderiam ter a posse da terra por meio da compra e não da simples posse como ocorria anteriormente. As denúncias contra o sistema de parceria em São Paulo, materializadas com a revolta dos colonos da fazenda Ibicaba em 1847, contra as péssimas condições de trabalho nas fazendas cafeeiras, fizeram com que a Prússia proibisse a imigração para o Brasil em 1859. Mais tarde, essa restrição seria revogada apenas para os três estados sulinos. Isso contribuiu para a concentração da imigração alemã no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.[26]

Até o fim do Império, foram criadas 80 colônias alemãs, a maioria na bacia do rio Jacuí, chegando até a borda da Serra Gaúcha. Com o advento da República, várias outras colônias importantes, como Ijuí, foram criadas pelo governo. A maioria, contudo, surgiu da iniciativa de empresas particulares. Entre 1824 e 1922, 142 colônias alemãs foram criadas no Rio Grande do Sul e entre 1824 e 1914, estima-se que 48 mil alemães imigraram para esse estado. Em Santa Catarina, a presença alemã cresceu enormemente após 1850, graças à ação de empresas privadas. Nesse ano, uma empresa formada por Hermann Blumenau e F. Hackradt iniciou a ocupação do vale do Itajaí, por meio da compra de terras devolutas. Em 1851, a Sociedade Hamburguesa de Colonização fundou a colônia Dona Francisca (Joinville).[26]

No Paraná, após o insucesso da colônia de Rio Negro, estabeleceu-se uma comunidade alemã urbana em Curitiba ainda antes de 1840. A maioria dos alemães no estado eram oriundos de Joinville, alcançando o Paraná por meio da estrada aberta pela Companhia Hamburguesa. É importante destacar a corrente migratória de alemães do Volga (minoria étnica alemã da Rússia) para a província entre 1877 e 1879. Contudo, no Paraná, os alemães não encontraram terras abertas e a concorrência com italianos e poloneses, mais numerosos que eles, os forçou a rumar para os centros urbanos ou se dispersar pelas colônias rurais.[26]

Com a Unificação da Alemanha em 1871, a postura do governo brasileiro em relação aos alemães se alterou. Antes, com a Alemanha fragmentada, a origem nacional dos imigrantes não representava uma ameaça. Porém, o advento de uma Alemanha unificada, poderosa e ambiciosa deixou o governo brasileiro cauteloso. Em decorrência, o Rio Grande do Sul parou de subsidiar a imigração alemã e se voltou com maior intensidade para os imigrantes italianos.[33]

censo demográfico do Brasil de 1872 contabilizou a presença de 40.056 alemães no Brasil, o que os colocava em terceiro lugar entre a população estrangeira, após os 176.057 africanos e os 125.876 portugueses.[34]

A terceira fase da imigração (1914-1960)[editar | editar código-fonte]

Até o advento da I Guerra Mundial, a maioria dos imigrantes alemães rumaram para as centenas de colônias estabelecidas, sobretudo no Sul. Contudo, com a eclosão da guerra, poucos alemães continuaram a ir para os assentamentos agrícolas. Porém, isso não significou o declínio da expansão alemã no Brasil meridional. Havia grande mobilidade interna das colônias para o planalto gaúcho, catarinense e paranaense, o que levou muitos filhos e netos de alemães para as áreas abertas pelas companhias de colonização. Esse processo ficou mais intenso nas décadas de 1920 e 1930, quando indivíduos oriundos das colônias “velhas” do Rio Grande do Sul se expandiram para o oeste de Santa Catarina e do Paraná, como resultado do esgotamento do modelo da pequena propriedade nas áreas iniciais de ocupação.[26]

Com o fim da I Guerra Mundial, a situação socioeconômica na Alemanha estava deplorável. A República de Weimar foi um período de péssimos indicadores sociais: a miséria se espalhara, a inflação atingira níveis inimagináveis e milhões de alemães estavam desempregados.[35] Foi justamente na década de 1920 que o maior número de alemães imigrou para o Brasil. Desembarcaram 70 mil alemães no país nessa década. A maior parte desses imigrantes não mais iam para as colônias rurais, pois rumavam para os centros urbanos: eram operários, artífices e outros trabalhadores urbanos, professores, refugiados políticos. A cidade de São Paulo recebeu a maior parte dessa nova onda de emigração alemã: em 1940, viviam no estado 33.397 alemães, 20.702 na capital, e correspondiam a 2,5% da população total do estado.[36]

Também houve grupos de alemães na década de 1940 que emigraram para o Brasil por conta da Segunda Guerra Mundial.[37][38][39][40]

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_alem%C3%A3_no_Brasil

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About the author : Marcus Henrique Wächter

Filho de Ruthi Rodolfo Wächter e Hilda Frida Lauer Wächter

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